HISTÓRIAS E DICAS SOBRE O CLP

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Gilberto Coster, gerente da RS Automação conta diversos fatos sobre os CLPs, desde sua invenção até o mercado atual, explicando um pouco sobre a evolução dos controladores.

Como funcionavam as máquinas antes da invenção do CLP?

Havia uma época anterior a invenção do CLP, em que a lógica das máquinas não eram programáveis, elas eram fixas e normalmente feitas por relés, que são dispositivos eletromecânicos. O usuário poderia fazer funções lógicas, por exemplo, uma condição para ligar um motor, a pressão de uma válvula acima de 10 bar e o operador aperta um botão, isso são duas condições e era feito com dois relés. A lógica era feita por fios, onde você inseria a saída do primeiro relé com o segundo e passava isso para um acionamento. Quando tu precisava fazer uma alteração nessa lógica, tinha que pegar as ferramentas, uma chave de fenda e um rolo de fio, tinha que desparafusar as conexões pois se você quer adicionar mais uma condição, precisa ter um botão, uma chave de pressão de um certo valor. Caso queira especificar mais ainda, só de noite por exemplo, ai você ainda precisaria de um sensor de luz, era possível, existiam recursos, mas era bem complicado. O grande problema é que os dispositivos eletromecânicos eram caros e tinham uma vida útil limitada, além disso, funções aritméticas não podiam ser feitas.

E como ocorreu a invenção do CLP?

A história da invenção do CLP é bem interessante, eu tive o prazer de ouvir uma palestra do cara que fez criou o primeiro CLP, um americano chamado Dick Morley. Ele criou uma empresa chamada Modicon, a primeira a ter CLP. Depois, quando ele já estava mais velho, vendeu a empresa e disse brincando que conseguiu ter uns boizinhos no Texas e que estava muito realizado. Ele fazia projetos mais sofisticados antes dos anos 70 e já eram com circuitos, com componentes eletrônicos, que seria equivalente aos relés e que depois migrou para os chips. Mas é daquele jeito, portas E, porta O, Flip-Flop, memórias, etc… Isso tudo já existia.

Quando ele recebia um pedido para construir um equipamento mais sofisticado, ele fazia isso com placas de circuito impresso e então se deu conta de que ele estava chegando em um nível de complexidade tão grande que ele jaá tinha placas de vinte níveis de trilhas de circuito impresso, e também se deu conta que cada vez que alguém encomendasse um novo projeto, eles tinham que começar do zero, ia lá para a prancheta e começava a fazer.

Então um dia, ele começou a tentar entender o que os projetos dele possuíam de comum e se deu conta de que o mundo em que ele vivia era cercado de entradas e saídas, e no meio, alguém tinha que processar conforme o estado dessas entradas e dessas saídas. Assim ele inventou o CLP, que não é nada mais que um processador no qual você vai agregando modelos de entrada que podem ser digitais ou analógicos, e módulos de saída, que podem ser saídas a transitor, a relé e analógicas. Ele criou uma linguagem de programação, isso em software. Ele tinha que vender essa ideia e pensou como ia criar essa linguagem, então ele emulou os esquemas elétricos que os eletricistas estavam acostumados a fazer com os projetos a relé, então uma entrada é um contato de relé, uma saída é uma bobina de um relé que vai ligar ele. O eletricista que fazia o projeto primeiramente no papel, desenhando o esquema elétrico, então esse mesmo projeto era programado direto no computador, em seguida ele ia depurando e conferindo os contatos as saídas, etc…

Dick Morley foi um cara bem visionário, ficou muito rico, ele também inventou o primeiro protocolo de comunicação serial, que até hoje a gente usa, todos os produtos da Delta possuem, o Modbus, que é da Modicon. É um negócio tão simples, tu comunica o serial, com um custo muito baixo e tu coloca equipamentos em rede de baixa taxa de transmissão.

Hoje é bem mais fácil a gente conseguir comprar um CLP, mas na época, quando chegou no Brasil, nos anos 80, não era tão fácil, como funcionava isso?

A primeira linha de CLP era inicialmente muito cara, era utilizada apenas em grandes empresas com capital para investir. No CLP, tu podia monitorar em uma tela o status, fazer diagnósticos de uma maneira simples pra época, o dispositivo de programação do S5130, quando tinha que ter um monitor de vídeo com 2 floppy disks e um programador Gprom junto, isso tudo pesava em torno de 30kg e vinha sobre rodinhas, e na época, isso era um negócio genial.

E depois, como ocorreu toda evolução?

Um tempo depois, quando o computador já estava consolidado, os equipamentos foram migrando pra arquiteturas de PC e notebooks, facilitando muito a questão portátil.

E quem dominava o mercado era a Siemens?

A Siemens era um dos grandes partners, eles vendiam o software deles, mas queriam vender junto um hardware. Então eles vendiam um notebook por um preço muito maior por causa da questão das interfaces específicas para a programação. Isso durou bastante tempo.

E quando isso mudou?

Acredito que em relação ao software, até hoje a Siemens ainda é fortíssima, pra ti poder programar um controlador da Siemens, tu precisa comprar a ferramenta de software. Já empresas que surgiram depois, usam outras estratégias para conquistar o mercado, os softwares são gratuitos, não só para CLPs, mas para os IHMs, Servomotores, então todas as ferramentas são gratuitas, basta baixar da internet, e os hardwares são comuns, notebooks de mercado com Windows, além dos cabos necessários serem de baixo custo, isso possibilita uma popularização dessas ferramentas.

Gilberto, hoje a RS Automação vende CLP Delta, gostaria que tu explicasse melhor para nós quem é a Delta.

A Delta tem uma história de evolução diferente das empresas tradicionais como Rockwell, Siemens, Schneider. Ela iniciou a sua existência fabricando e industrializando para terceiros, e não fazendo projetos, isso a mais de 40 anos atrás. Então ela dominou muito bem os processos de fabricação, produtos com boa qualidade e baixo custo, em volume. Então isso gerou uma grande expertise na área de produção e em algum momento ela achou interessante, após ter capital disponível para começar a desenvolver os próprios produtos. Começou fazendo CLPs, todos equipamentos que a Delta produz, ela testa no seu campo fabril. Hoje a Delta já está fabricando robôs e antes mesmo de colocar no mercado, consegue testar e aperfeiçoar. É uma empresa que atua não só no ramo da automação, ela possui divisão de telecomunicações, fontes de alimentação, atua na parte de energia renovável.

E o que o CLP Delta traz pro mercado hoje?

Traz um produto simples de se usar, barato, acessível e que tem embutido muita tecnologia, recursos, por um preço muito bom. Hoje parece que o mercado está buscando isso, o pessoal está buscando novas soluções e a Delta está oferecendo opções em diversos segmentos. Eles tem investido na área de controle de movimento (motion control) e vende também servomotores, inversores de frequência, isso vai enriquecendo as ferramentas que o fabricante tem para oferecer.

E que lançamento da Delta tu indica para nós, a respeito de CLP, e que pode fazer diferença para o leitor.

Entre os produtos da linha de CLPs da Delta, eu acho muito interessante, a DVP10MC, esse MC é de Motion Control, então além de ser um CLP, ele compartilha todos os módulos de entrada e saída, agregando a capacidade de múltiplos eixos por um custo muito bom, consegue controlar até 16 eixos, inclusive interpolando linear, circular e helicoidal. O mais notável e que não é comum nessa faixa de produto, é que ele decodifica e consegue entender uma linguagem de programação que é muito usada em controle numérico, que é um tema que podemos abordar em outra oportunidade. Essa linguagem de código G consegue descrever a geometria e a parte tecnológica, velocidade, rotações, etc… para que eixos se movam em sincronismo. A interpolação seria conduzir diversos eixos de acordo com uma curva pré programada, uma reta, um círculo ou curvas mais complexas. Então essa estrutura de rede economiza muita fiação, entre o CPU, o controlador central e cada drive de motor, vai apenas um cabo ethernet, uma arquitetura muita limpa e de baixo custo e alto desempenho, em alguma situações esse aparelho pode substituir até vários controles numéricos, guardados as proporções.

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